Planejamento de Produtos no Windows: para onde os seus comentários realmente vão?

Nota do Editor: Gostaria de apresentar Mike Angiulo, que lidera a equipe de Ecossistema PC e Planejamento do Windows. A equipe de Mike trabalha junto com todos os nossos parceiros de hardware e software e lidera os esforços de planejamento e pesquisa de produtos da equipe de engenharia para cada nova versão do Windows. --Steven

No Windows temos uma grande variedade de mecanismos para aprender sobre nossos clientes e mercado, todos os quais têm um papel a nos ajudar a decidir o que construímos. Desde as questões distintas que nossos engenheiros vão responder na WinHEC e PDC até os milhões de registros em nossos sistemas de telemetria, temos ferramentas para responder a quase todo tipo de questões quanto ao que vocês querem que seja construído no Windows e como tudo está indo. Ouvir todas essas vozes juntas e construir um plano coerente para todo um lançamento de um sistema operacional é um desafio bem grande - pode parecer como anotar um pedido de pizza para um bilhão dos seus amigos mais próximos!

Não deve ser surpresa que a fim de organizar o aprendizado precisamos ter uma organização dedicada a ele. Esta é liderada por nossa equipe de Planejamento de Produtos, um grupo de uns vinte e poucos engenheiros que tanto é organizada quanto senta com os gerentes de programa, desenvolvedores e testadores nas equipes de recursos. Eles trabalham durante o ciclo do produto para ter certeza de que nossa visão é convincente e baseada num entendimento profundo do ambiente de nossos clientes, além de estar equilibrada com as realidades empresariais e pressões competitivas que estão em fluxo constante. Durante os últimos dois anos tivemos uma equipe de vinte e poucos pesquisadores profissionais fazendo pesquisas de campo, ouvindo grupos focais e analisando dados de telemetria e de utilização de produtos antes e durante o desenvolvimento do Windows 7 – e ainda não terminamos. Desde nossa pesquisa de mercado independente até a leitura dos comentários de vocês neste blog, continuaremos a refinar nosso produto e como falamos sobre ele com clientes e parceiros. Isso não significa que todos os desejos serão atendidos! Uma das partes mais difíceis de planejar é transformar todos esses dados em planos executáveis para desenvolvimento. Há três trocas difíceis que fizemos recentemente.

A primeira é o que eu vejo como o ‘desafio do teste do gosto'. Há mais de trinta anos esse conceito foi introduzido numa guerra famosa entre duas colas. Lembram da Nova Coca? Foi o resultado de enfatizar demais a resposta bem inicial a um produto com relação à satisfação do cliente em longo prazo. Encaramos esse tipo de desafio o tempo todo com o Windows: como equilibrar a necessidade do produto ser acessível com a necessidade de desempenho durante seu ciclo de vida? Você quer algo que só tenha uma inicialização tão rápida quanto possível ou algo que o ajude a começar? Claro que podemos levar isso aos dois extremos e vocês podem dizer que o fizemos – fomos de c:\ até Microsoft Bob em somente uma década. Encontrar o equilíbrio entre um produto que é novo, recém saído da caixa e continua a mostrar desempenho ao longo do tempo é algo contínuo. Temos etnógrafos que realizam pesquisas que às vezes começam ainda antes do ponto de compra e continuam por meses com visitas periódicas para entender como impressões iniciais se transformam em padrões de uso durante todo o ciclo de vida de nossos produtos.

Em segundo lugar, estamos sempre tentando evitar tomar 'a parte pelo todo'. Com isto eu quero dizer encontrar o equilíbrio apropriado entre dados agregados e de usuários distintos. Um argumento clássico sobre os PCs sempre foi o de que um subgrupo limitado de ações compromete uma grande porcentagem dos casos de uso. O argumento resultante é que um dispositivo de função limitada representaria uma experiência mais simples e mais satisfatória para uma grande porcentagem de clientes! Claro que é possível apontar as falhas desse argumento tanto a curto como em longo prazo. Em longo prazo esse ‘caso de uso comum’ mudou de digitação e impressão para consumo e gravação de CDs, jogos e navegação e continuará a evoluir. Até em curto prazo estudamos a utilização de milhares de máquinas (obviamente com o consentimento dos usuários) e sabemos que apesar de muitos dos padrões de utilização comuns serem na verdade comuns, quase todas as máquinas que já estudamos tinham um ou mais aplicativos únicos em uso que não eram compartilhados por outras máquinas! Esse fenômeno de cauda longa é muito importante porque se nós estivéssemos voltados para o "caso geral" acabaríamos não satisfazendo ninguém. Essa compensação entre escolha e complexidade é uma que se beneficia diretamente de uma abordagem rigorosa com relação ao estudo da utilização tanto coletiva quanto individual sem perder nenhuma das duas de vista.

A terceira diz respeito ao momento certo. Escolher o momento certo é muito importante. Temos um processo contínuo de aprendizado num mercado bastante dinâmico, um que é diretamente influenciado pelo que construímos. O objetivo principal é oferecer a melhor experiência com software e hardware para os clientes: os produtos certo na hora certa. Vimos o que acontece quando esperamos demais para lançar suporte de software para uma nova categoria (deveríamos ter feito melhor com a experiência de padrão de emparelhamento Bluetooth) e o que também acontece quando lançamos software para o qual o restante do ecossistema ainda não está pronto. Esse problema tem a dimensão de se trabalhar para converter tecnologias que sabemos que estão chegando, acompanhar padrões de competição, observar a evolução de cenários de usuários e tentar coordenar nosso suporte de software ao mesmo tempo. Chamar isso de um alvo em movimento não é o bastante! É difícil explicar por que estamos recebendo comentários constantemente, mesmo após qualquer versão do Windows estar pronta.

Essas três compensações explícitas sempre geram conversas animadas – vejam só os comentários feitos até hoje neste blog! Claro que reagir a todas essas necessidades enunciadas é obrigatório num mercado tão dinâmico e desafiador como o nosso. Ao mesmo tempo temos que fazer a maior compensação de todas: equilibrar o que vocês estão pedindo hoje com o que achamos que vão pedir amanhã. Esse é o desafio de definir as necessidades não enunciadas. Todas as indústrias de tecnologia enfrentam essa compensação, seja com o nome de necessidade de inovar versus ajustar ou aderir à noção de curva S de descontinuidades. Por que duas empresas de automóveis bem sucedidas, ambas com os mesmos dados sobre o mercado, lançariam o primeiro Hummer comercial e o primeiro Prius híbrido no mesmo ano? Não é que 1998 tenha sido confuso, é que as demandas de mercado de curto prazo e as de longo prazo não estavam obviamente alinhadas. Ambas as forças estavam visíveis, mas foram rapidamente descartadas: a necessidade de aumentar a capacidade off road para lidar com os estacionamentos de shoppings lotados no subúrbio e a implosão ambiental iminente prevista nos campi de faculdades ao redor do mundo. Temos que equilibrar coisas como essas o tempo todo. Como oferecer compatibilidade com versões anteriores e capacidade futura em cada um dos lançamentos? Será que a tendência de 64 bits vai ser guiada por cenários de aplicativos ou pelas máquinas de 4GB sendo vendidas no varejo?

Temos dados sobre compensações importantes. Temos uma postura quanto a tendências futuras. Isso é normalmente suficiente para começar a próxima versão do produto e permanecemos em contato com os clientes e parceiros durante o desenvolvimento para manter nosso planejamento consistente com nosso direcionamento inicial, mas isso não é suficiente para saber que estamos prontos para lançar. Terminar de verdade sempre exigiu alguma fase posterior de comentários sobre engenharia, sejam ela uma Visualização Técnica da Comunidade, Programa de Adoção de Tecnologia ou um tradicional Beta público. As origens dos testes Betas e até a definição atual do termo não estão claros. Hoje em dia alguns produtos parecem ficar no Beta para sempre! Trabalhamos para definir o melhor momento possível para compartilhar o produto e coletar comentários finais. Se o lançarmos cedo demais normalmente não está pronto para ser avaliado, especialmente com relação a desempenho, segurança, compatibilidade e outros aspectos fundamentais. Se o lançarmos tarde demais não podemos realmente levar em conta nenhum dos comentários que vocês nos enviam e não posso pensar numa receita pior para a satisfação do cliente do que pedir comentários e sistematicamente ignorá-los. Eu estava dando uma olhada num outro site de “comentários” de software onde um monte de comentários pedia à empresa: "por favor, leiam este site!”. Para o Windows 7 vamos lançar um Beta que ofereça uma experiência boa o suficiente e nos permita ter tempo de abordar áreas que precisam de maior refinamento. Este blog será uma parte importante do processo porque fornecerá explicações, conteúdo e orientações suficientes para ajudar vocês a entender os graus de liberdade restantes, algumas das suposições centrais de cada área e dará estrutura a nosso diálogo a fim de que possamos ouvir e responder a quantos comentários vocês queiram deixar. Parte disso vai resultar em erros que serão corrigidos, parte vai resultar em erros de drivers ou aplicativos que ajudaremos nossos parceiros a corrigir. É claro que às vezes nós vamos acabar tendo somente um debate saudável, mas mesmo nesse caso estaremos nos comunicando, vamos responder a comentários construtivos, erros e idéias e vamos começar essa conversa com mais contexto do que nunca. Portanto, por favor continuem mandando comentários. Por favor, participem do Programa de Aperfeiçoamento da Experiência do Usuário. Deixem seus comentários na WinHEC e PDC e nos grupos de notícias e fóruns – nós estamos ouvindo!  

 

Obrigado,

- Mike